CIRURGIA DO QUADRIL Osteonecrose e Lesões Articulares do Quadril

Circulação sanguínea da cabeça do fêmur: alterações podem levar a osteonecrose. Algumas condições podem levar à uma alteração vascular ao nível da cabeça do fêmur, como o uso prolongado de corticóides ou alguns tipos de alterações sanguíneas, por exemplo, que podem ter como consequência à Osteonecrose da Cabeça do Fêmur. Muitas vezes a causa pode ser desconhecida e é comum ocorrer em ambos os quadris. Pode inicialmente ocorrer de forma silenciosa (ou seja, sem nenhum sintoma), ou, geralmente, com dores em região de virilha, na nádega ou no lado do quadril. Alguns casos podem evoluir com dores em locais diferentes, como na coluna lombar ou no joelho, dificultando o diagnóstico.

Ressonância magnética demonstrando osteonecrose da cabeça do fêmur esquerdo - seta branca. A radiografia muitas vezes na fase inicial pode ser normal, por esse motivo, um exame mais específico como a ressonância magnética pode ser solicitado. Após o diagnóstico, a extensão do problema irá determinar o tratamento a ser realizado, onde apenas em necroses pequenas e em locais de menor importância o tratamento conservador (sem cirurgia) pode ser indicado. Em fases iniciais, o tratamento pode ser realizado por procedimentos menos invasivos como perfurações na cabeça do fêmur visando tentar reestabelecer a circulação sanguínea, o que nem sempre é possível. O diagnóstico e tratamento precoce são essenciais visando evitar evolução da doença para dano articular.

Em casos de doença avançada ou que não responderam à tratamentos cirúrgicos menos invasivos, é comum a ocorrência de dano articular e surgimento de artrose secundária, que pode ser visto em exames de radiografia. Em alguns casos severos podemos ver um colapso na cabeça do fêmur que pode levar a perda gradual no comprimento do membro, além, é claro, de limitação para caminhar e dores importantes.

Radiografia do quadril com colapso da cabeça do fêmur, que determina encurtamento do membro (imagem: arquivo pessoal). Planejamento e prótese total do quadril em paciente com Osteonecrose do quadril e colapso da cabeça femoral. Utilizados os implantes conforme o planejamento, com correção adequada do comprimento do membro. Embora existam algumas outras opções de tratamento cirúrgico na literatura, a Prótese Total do Quadril, principalmente considerado o aprimoramento de sua técnica, tem sido uma das melhoras formas de manejo de casos onde há presença de dano significativo à articulação.

Displasia do Quadril, em paciente, onde há alteração do ângulo entre o fêmur, tornando sua cabeça “excêntrica” ou fora do centro da articulação. Neste caso com artrose foi indicada artroplastia do quadril, onde durante planejamento cirúrgico é importante determinar o centro articular. Planejamento dos implantes da Artroplastia no paciente com Displasia do quadril. Radiogradia pós-operatória com resultado e implantes conforme planejado (imagem: arquivo pessoal). Existem algumas doenças que podem ocorrer ou surgir na infância e que podem repercutir sobre a articulação do quadril na vida adulta. A Displasia do Quadril é uma condição em que o paciente apresenta uma alteração no desenvolvimento do quadril, onde uma deformidade determina que a cabeça do fêmur fique em uma região fora do centro articular na cavidade acetabular.

Durante a infância, e em alguns casos na vida adulta, pode haver indicação de procedimento de osteotomias com correções de deformidades, visando evitar dano articular. A prótese total do quadril também é uma boa opção para estes pacientes.

Doença de Legg Calvé Perthes é uma condição que pode levar a alterações na vascularização sanguínea na cabeça do fêmur da criança (em média por volta dos 6 anos) e que pode evoluir desde uma condição mais grave na infância ou predispor à uma artrose no quadril do indivíduo, quando em fase adulta.

Da mesma forma que o Perthes, à Epifisiólise do Quadril, que é um escorregamento da cartilagem de crescimento (chamada de “fise”) da cabeça do fêmur, pode ser motivo de sequelas de artrose do quadril na vida adulta. Esta lesão da fise é mais comum em adolescentes, muito associado à situação de sobre peso ou obesidade, podendo ser indicada a realização tratamento cirúrgico em caráter de brevidade visando evitar que este escorregamento leve à um dano articular com sequelas permanentes. Algumas vezes o paciente pode referir dor no joelho de forma atípica, o que pode dificultar o diagnóstico.

Protrusão Acetabular em paciente com quadro de Lupus Eritrematoso Sistêmico em quadril direito - conforme seta (imagem: arquivo pessoal). Além dessas 2 condições relacionadas à infância, existem outras diversas condições como Artrite Séptica ou Doenças Reumatológicas que podem levar à dano articular e artrose no quadril. Uma outra condição que pode estar relacionada à anatomia do paciente ou à outras condições (como doenças reumatológicas) é a Protrusão Acetabular, que é uma condição onde o fundo do acetábulo na pelve, fica localizado em uma região mais profunda e que pode aumentar o risco do desenvolvimento de artrose na articulação do quadril.

Prótese total do quadril em paciente com protrusão acetabular em que foi necessária a utilização de enxerto ósseo no fundo do acetábulo - seta (imagem: arquivo pessoal). Da mesma forma, sequelas de trauma também podem levar a artrose, tanto pela assimetria relacionada pela deformidade da fratura quanto por um quadro de necrose óssea relacionado ao dano vascular da fratura (comum ao acometer o nível do colo do fêmur). O tratamento varia de caso a caso, onde a Prótese Total do Quadril é sempre uma alternativa a ser considerada, principalmente em casos mais avançados. Alguns casos podem necessitar de uma técnica diferente, como na protrusão acetabular, onde há indicação da colocação de enxerto ósso, geralmente retirado da próprio fêmur, para obter melhor resultado clínico.