No quadril esquerdo (normal) foi utilizado como "gabarito" para confirmar o planejamento.
A técnica da artroplastia total do quadril é um procedimento capaz de levar a melhora não apenas da dor e da mobilidade articular, mas também da qualidade de vida, em pacientes com doença articular avançada desta articulação. Através tanto do aprimoramento da técnica cirúrgica quanto da disponibilidade de implantes ortopédicos de melhor qualidade, além, é claro de uma avaliação criteriosa do paciente, esse procedimento tem se tornado cada vez mais seguro e eficiente para o paciente. O retorno às atividades habituais também tem ocorrido cada vez mais precocemente, através de um plano adequado de reabilitação.
Depois: Prótese total do quadril (imagem: central-health.com)
Os bons resultados deste procedimento o levaram a ser conhecido como a cirurgia do século. Atualmente é estimado que, somente nos Estados Unidos, ocorram cerca de 300 mil procedimentos de Artroplastia Total do Quadril por ano. Pode ser indicada por casos como condições como Artrose do quadril, a Osteonecrose da cabeça do fêmur ou por algumas Fraturas do Quadril, como as que acometem o colo do fêmur ou superfície acetabular, por exemplo.
Apesar dos bons resultados, existem riscos estimados de complicações ou situações indesejáveis relacionadas ao procedimento, estimados na literatura atual em cerca de 5%, que podem estar relacionados à cirurgia em si, ou à situação clínica do paciente. Uma avaliação clínica criteriosa, considerando as eventuais doenças prévias ou associadas do paciente, deve ser realizada, principalmente em pacientes com histórico de doenças sistêmicas prévias. Com relação ao risco cirúrgico, a realização de uma análise criteriosa de cada caso pelo ortopedista é indicada, considerando desde seu histórico detalhado, exame clínico e de imagens, que permitem minimizar o risco de complicações e que permitam uma maior segurança durante a realização do procedimento.
As orientações após o procedimento podem variar de acordo com a gravidade e as especificações e particularidades de cada caso. A recomendação geral é estimular o paciente a manter-se ativo, o mais breve possível, onde há possibilidade de tentar permanecer em pé assim que estiver recuperado da anestesia. Também deve ser estimulado à caminhar, mesmo que, incialmente necessite de auxílio de muletas ou andador, geralmente acompanhado por fisioterapeuta, pelo próprio cirurgião ou por outro profissional de saúde, nos seus primeiros passos, ainda durante a internação médica. Embora priorize-se alta breve, a liberação dos pacientes é realizada de acordo com pré-requisitos médicos ou particularidades de cada caso, sempre priorizando sua segurança e visando evitar necessidade de reinternações futuras.
Tanto durante a hospitalização, quanto na alta, atividades de reabilitação e fisioterapia são atividades tão importantes quanto o procedimento em si, e a sua realização também interfere no resultado do procedimento. Por esse motivo, é importante o compartilhamento de informações e discussão de dúvidas com o ortopedista e demais profissionais de saúde envolvidos, visando sempre uma recuperação adequada, segura e breve ao paciente. Existem ainda alguns cuidados e recomendações iniciais específicas, como posições com potencial de risco e cuidados com ferimento, que podem diminuir ainda mais eventuais complicações.
Em meus pacientes sigo protocolo específico de reabilitação, através de documento por escrito, considerando as particularidades de cada caso sempre, tendo como meta a reabilitação precoce e melhora da qualidade de vida de cada paciente. Além disso, a segurança é fator muito relevante na realização deste procedimento, onde tanto a avaliação clínica quanto o planejamento cirúrgico (realizado via digital) e a técnica cirúrgica de cada caso são essenciais para obtenção do melhor resultado para o paciente.
A técnica cirúrgica pode ser realizada através do uso do cimento ortopédico (Artroplastias Cimentadas) ou por meios priorizando uso de implantes porosos sem seu uso, ou Artroplastia Não-cimentada, considerando o contato ósseo com acetábulo ou fêmur. Há ainda a artroplastia híbrida, onde apenas um lado (geralmente o femoral), utiliza o cimento. Embora a utilização de cimentação femoral tenha bons resultados na literatura, a técnica não-cimentada evoluiu muito e atualmente é a mais realizada nos Estados Unidos. No lado acetabular têm-se preferido o uso de implantes não-cimentados na maioria dos casos. No lado femoral, estudos apontam uso de cimento especialmente em casos de osteoporose associada em pacientes idosos (risco de fratura). É comum utilização de implantes como Titânio revestido com superfície porosa (implantes não cimentados) e cromo-cobalto (hastes cimentadas e cabeça femoral).
A cerâmica também é uma superfície resistente e pode ser utilizada tanto na cabeça femoral quanto no inserto acetabular, embora tenha suas peculiaridades. Embora tenham maior histórico de utilização, na maioria das vezes, existem opções tanto importadas quanto nacionais de todos os tipos de implantes.
Por fim, múltiplas são as possibilidades de técnica cirúrgica e de utilização dos implantes. Primeiramente deve ser respeitada a particularidade de cada caso, onde uma técnica ou implante, pode ser priorizada pelo médico. A disponibilidade dos implantes, com fatores relacionados à planos de saúde e custo relativo, também deve ser considerada. Atualmente minha preferência em boa parte dos casos é pela técnica da Artroplastia Não-cimentada, onde geralmente a opção pela cimentação é em pacientes mais idosos ou por questões de disponibilidade. Na superfície articular priorizo sempre utilização de implantes que levem à maior longevidade e menor risco de necessidade de reoperação futura.
Acredito que, além de uma técnica precisa e segura, todas as atitudes possíveis devam ser tomadas visando tornar a experiência do procedimento da prótese total do quadril o mais agradável para o paciente.